domingo, 30 de outubro de 2016

P835: MEMÓRIAS DE UMA PARTIDA

JÁ LÁ VÃO 48 ANOS!
Texto que o nosso camarigo Carlos Pinheiro teve oportunidade de ler no decorrer do nosso
convívio em 28 de Outubro e que já tinha sido publicado no Jornal "O Almonda",
para onde este nosso camarada escreve regularmente
Como recordar é viver, há dias que nunca esqueceremos, e o dia 23 de Outubro de 1968 é um desses dias.
Era meio-dia em ponto quando o UÍGE silvou várias vezes a querer dizer que estava pronto para mais uma viagem, como Transporte de Tropas para a Guerra Colonial, neste caso para a Guiné.
O pessoal, de onde se destaca o Batalhão de Caçadores 2856 do RI 15 de Tomar, um Pelotão da Policia Militar e inúmeros militares em rendição individual, já tinha embarcado ao som de marchas militares. Os cumprimentos oficiais, da praxe, já tinham sido feitos. As escadas já tinham sido retiradas. O cordame também já tinha sido recolhido. E os dois rebocadores, que o haviam de levar até ao meio do Tejo, já estavam a postos.
No cais a multidão ainda era imensa. Os lenços brancos acenavam das varandas da gare a corresponder aos lenços que das amuradas do barco também acenavam. Eram as despedidas.
A banda militar estava a acabar os seus acordes e o UÍGE lá se encaminhou para o melhor local do Tejo para iniciar mais uma viagem de 5 dias até às terras da Guiné. Depois foi o passar sob a Ponte Salazar a caminho do Oceano e tudo isso pareceu muito rápido. 
Depois foram cinco dias de mar e céu, com mais ou menos acompanhamento dos chamados peixes voadores, a passagem relativamente perto das Canárias e a chegada ao largo de Bissau a 28 de Outubro.
Foram só cinco dias, mas dias inesquecíveis. E como a maioria viajou nos porões, nessas grandes caves fechadas de onde só se via a luz do dia pela buraco por onde entrávamos, nem vale a pena dizer nada sobre essas “maravilhosas” acomodações. O ambiente era irrespirável. Mas era o que tínhamos. E lá aguentámos tudo aquilo.
Foi um bom princípio, sem dúvida, para o que nos estava guardado. Depois, bem depois, foram mais de vinte e cinco meses, passados todos naquela terra quente e húmida que, ao fim deste tempo todo, nunca mais consegue encontrar uma paz duradoura a que tem direito e de que tanto precisa.
 Carlos Pinheiro

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

P833: JOSÉ BELO / CARTA DA LAPÓNIA

TRINTA ANOS DEPOIS DE CHERNOBYL


Trinta anos depois do desastre nuclear de Chernobyl os resultados continuam a fazer-se sentir sobre toda a flora e fauna selvagem da Lapónia Sueca.

Continuam a ser efectuadas medições periódicas quanto às quantidades de "Becquerel" * existentes na carne das renas abatidas para consumo.

(* Becquerel - Unidade do sistema internacional de radioactividade, com o símbolo "Bq", que equivale à actividade resultante da desintegração de um núcleo radioactivo por segundo)

Por ano, para fins de consumo local e exportação, são abatidas cerca de 52 mil renas.

No primeiro ano depois de Chernobyl tiveram que ser abatidas, devido ao excesso do teor radioactivo, cerca de 73 mil renas.

No último período de abate e passadas que são 3 décadas, só 57 renas foram consideradas impróprias para consumo por razões radioactivas.

Esta diminuição é resultante de todo um programa governamental orientado para a obtenção de níveis aceitáveis de radioactividade na fauna selvagem local.

No respeitante às renas, e tendo em conta o facto de as manadas viverem em plena liberdade  com áreas de deslocação que cobrem toda a Lapónia  sueca, norueguesa, finlandesa e russa, tornou-se necessário um estudo detalhado sobre as zonas de pastagens predominantes.

Nestes locais (no caso da Lapónia sueca) são espalhadas rações preparadas para este fim, procurando-se diminuir consideravelmente as quantidades consumidas pelos animais de um tipo de musgo, conhecido localmente como "renlav", que é a alimentação base favorita dos mesmos.

Depois de Chernobyl o período anual do abate das renas foi adiantado para os princípios do Outono de modo a ser evitado que os animais comam grandes quantidades do tal musgo... rico em Becquerel!

O Estado tem vindo a compensar as populações locais que vivem da produção de carne de rena, tanto no respeitante aos animais abatidos e impróprios para consumo, como também no respeitante às rações especiais alternativas, de custo muito elevado, acompanhado pela necessidade de deslocações regulares a locais muito distantes e de acesso difícil. 



(Há que ter em conta que, nesta zona, 600 quilómetros é considerado... perto!)

O custo para o Estado, desde o desastre de Chernobyl até hoje, e unicamente no que diz respeito às renas locais, está calculado em 500 mil milhões de Coroas suecas.

PS/ Ao escrever-se - 73 mil renas abatidas no ano seguinte a Chernobyl- é sem dúvida um número muito elevado ao nível da Lapónia sueca.
Mas, e como termo comparativo das quantidades da fauna selvagem sueca, são abatidos anualmente (!) em toda a Suécia cerca de 70 mil alces.
Isto não sendo  resultado dos tais "Becquerel", mas para fins de consumo e de manutenção  destes animais em estado saudável e num número não excessivo. 

Um abraço do
José Belo


terça-feira, 18 de outubro de 2016

P829: HISTÓRIAS CURTAS DAS TERMAS DE MONTE REAL - 5

TRÊS DE RAJADA…

1.  Uma cena passada no hall do Hotel

Em frente da recepção, no hall do Hotel, havia uns cadeirões azuis, confortáveis, onde à noite se sentavam, sobretudo, os senhores a conversar.

Um fim de tarde, encontravam-se dois senhores (um deles muito conhecido, mas que obviamente não identifico), conversando animadamente de pé.

A certa altura um deles disse ao outro:
O melhor é sentarmo-nos nestes cadeirões.

Nesse momento começou uma “dança” entre eles, cada um “empurrando” o outro para o cadeirão à esquerda ou à direita, até que um parou e disse:
Ó homem sente-se deste lado, que eu sou surdo do ouvido direito!

Respondeu o outro:
Também eu, caramba!


2.  Consulta nas Termas

Há muitos anos atrás, durante uma consulta médica, uma pessoa queixava-se de vários problemas, para os quais o médico foi prescrevendo os tratamentos em conformidade.
Quase no fim da consulta, o médico perguntou se tinha mais algumas queixas.

Respondeu-lhe a pessoa dizendo que ainda tinha mais um problema, e que era uma “traqueíte”.

O médico disse então que lhe iria prescrever umas inalações, pois com certeza ajudariam a resolver o problema.

Foi então que a pessoa em questão, disse espantada:
Inalações, senhor Doutor?

Ao que o médico respondeu, que sem dúvida nenhuma, as inalações iriam ajudar ao problema de garganta de que se queixava.

Foi então que a pessoa disse, novamente com um ar ainda mais espantado:
Mas ó senhor Doutor, o meu problema é que dou muitos “traques”!!!


3.  Uma linguagem própria…

Entre os colaboradores do Hotel e das Termas havia toda uma linguagem, que quem não estivesse por dentro, não conseguiria entender.

Apenas um exemplo:
Quem, por exemplo, estivesse à hora das refeições dos hóspedes do Hotel, na cozinha, haveria de ficar muito espantado por ouvir os empregados de mesa chegarem à “roda da cozinha” e “gritarem” para o Chefe: «Sai boné!»

Pois bem, o “boné” era pura e simplesmente esparregado de nabiças, que era servido numas taças que à primeira vista se pareceriam com um “boné”!!!


Joaquim Mexia Alves





quinta-feira, 6 de outubro de 2016

P826: REVISTA "KARAS" DE SETEMBRO


A partir das 12H00 começava a encher-se a esplanada do Café Central. Reviam-se velhos conhecidos, apresentavam-se os novatos nestes encontros. 



Enquanto o Miguel Pessoa confere as folhas de pagamentos, a Giselda vai dando uma ajudinha e despacha umas fotos para a revista. Neste grupo vemos o Daniel Vieira, Manuel Mendes, Fernando Faustino e o Manuel "Kambuta" Lopes.
Mas há um novato que ainda não consta dos arquivos... E o editor da "Karas" arrecada uma foto do estreante Fernando Freitas Pinto, ao lado do Manuel Ferreira da Silva, que o inscreveu.


O Marcelino da Mata esteve novamente presente nos nossos convívios e, como habitualmente, teve à sua volta muitos camaradas que quiseram cumprimentá-lo e relembrar velhos episódios.



O Manuel Reis partilha aqui uma mesa com o José Luís Rodrigues (sempre o primeiro a enviar a sua inscrição), o Manuel Frazão Vieira (um estreante nestes nossos convívios) e o Domingos Santos.
O António Nobre está aqui acompanhado por outro estreante, o Domingos Fernandes, por ele inscrito.


O Carlos Oliveira (desta vez nomeado vice-tesoureiro, à falta do Jesus Rodrigues) está aqui acompanhado pelo Manuel da Ponte, que já nos habituou a alterações de última hora - desta vez, em vez da esposa apareceu com o irmão...
O régulo da Tabanca Joaquim Mexia Alves aparece aqui em conversa com o JERO. Havia certamente muita conversa para pôr em dia após um interregno de três meses... 


O Juvenal Amado e o Manuel Joaquim partilharam a viagem de Lisboa com o Marcelino da Mata e o Francisco Palma, que garantiu o transporte.
Como vai sendo habitual o Carlos Santos apareceu acompanhado por mais dois Santos - o Raul e o Emídio. Por acaso nem são familiares...


E estava na hora de avançar para o almoço. Feita a foto da praxe, avançam as hostes para a Pensão Montanha com o Manuel "Kambuta" Lopes à frente. E o Carlos Santos e o JERO ensaiam um passo (de tango?)...


E o pessoal espalha-se rapidamente pelas mesas. Compridas, redondas, grandes pequenas... E há sempre pessoal que organiza o seu pequeno grupo.


Desta vez o grupo de Torres Novas vinha um pouco desfalcado - uma mesa de cinco chegou para as necessidades. Vemos o Lúcio Vieira e o Carlos Pinheiro e, menos identificáveis, o Alexandre Fanha e os manos João e Manuel Rodrigues.
Noutra mesa vemos o Francisco Palma, Joaquim Henriques e o casal Almiro e Amélia Gonçalves.


O Vitor Caseiro gosta de circular pelas mesas, procurando contactar todo o pessoal presente no convívio. Vemo-lo aqui conversando com Raul Castro, actual Presidente da C.M.Leiria, sob o olhar do Mário Ley Garcia e do Agostinho Gaspar. E ainda deu para trocar algumas palavras com o Marcelino da Mata, enquanto o Manuel Jacinto observa.


À esquerda vemos o Marcelino da Mata, o estreante António Carreira e o Manuel Joaquim. De costas o Manuel Ferreira da Silva e encoberto, ao fundo, o Paulo Moreno.
O Artur Soares e o António Pimentel vieram da Figueira da Foz. Já o José Manuel Lopes veio da Régua e o Xico Allen do Porto.


O Diamantino Ferreira e Emília tomaram-lhe o gosto e estiveram novamente presentes. 
Já o António Matos regressou ao nosso convívio depois de um interregno prolongado. Esperamos que a presença seja para repetir. Vemos ainda na foto da direita o Luís Dias, Miguel Pessoa, e Joaquim Mexia Alves. De pé, o Carlos Santos e o Vasco da Gama.



O Rui Marques Gouveia esteve presente, acompanhado pelo cunhado José Ricardo e pelo neto Rodrigo. Vemos ainda de costas o António Pinto Alves e esposa Graziela... que podemos distinguir melhor na foto da direita, junto do Manuel Jacinto.


O António Frade desta vez ficou afastado da esposa Helena, ao contrário do Luís Dias e Manuela, que ficaram num tête-à-tête... E lá bem ao fundo, a única foto de que dispomos do pessoal da Linha, desta vez bastante desfalcado... mas bem representado pelo Luís R. Moreira e António Maria Silva.
Na foto da direita o Baltazar Rosado Lourenço parece algo pensativo, contrastando com o ar sorridente do Mário Ley Garcia.


Não podia faltar uma imagem do Agostinho Gaspar, aqui junto da esposa Isabel. O rapaz já vai nas 55 presenças consecutivas, sendo o único totalista dos encontros da Tabanca do Centro. O José Manuel Baptista é presença mais ou menos regular e o Carlos Oliveira raramente falta.


Tivemos a novidade de um reencontro após 42 anos de afastamento. O estreante ex-Alf. Manuel Frazão Vieira reencontrou o seu ex-comandante da CCav 8351, ex- Cap. Vasco da Gama, tendo assim os dois possibilidade de comemorar este reencontro.


Enquanto o Agostinho conversava com o Abílio Vieira Marques, assistimos à chegada do retardatário Jaime Brandão, que não quis deixar de dar um abraço ao pessoal.


Um bota-abaixo do JERO, aqui ao lado do Luís Branquinho Crespo e do António Pimentel. E a D. Preciosa parece perguntar ao António Matos se este regresso é para manter...


Já nas despedidas, era tempo de os estreantes assinarem o quadro da Guiné. E não sabemos onde é que o pessoal vai encontrando espaço para assinar...


Estava na hora do pagamento, que a festa estava no fim. E 79 pagantes lá entraram com o dinheiro para o almoço. Nos tempos que correm o preço (que se mantém há bastante tempo) não faz grande mossa. O pior ainda é a gasolina e as portagens para os que moram mais longe... Será por isso que o Miguel Pessoa está a confirmar se ainda tem dinheiro para pagar o almoço?


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Já na fase de preparação da revista recebemos este mail do estreante Manuel Frazão Vieira, um texto cuja reprodução nos parece ser uma boa forma de terminar este número  da revista "Karas":