quinta-feira, 27 de outubro de 2016

P833: JOSÉ BELO / CARTA DA LAPÓNIA

TRINTA ANOS DEPOIS DE CHERNOBYL


Trinta anos depois do desastre nuclear de Chernobyl os resultados continuam a fazer-se sentir sobre toda a flora e fauna selvagem da Lapónia Sueca.

Continuam a ser efectuadas medições periódicas quanto às quantidades de "Becquerel" * existentes na carne das renas abatidas para consumo.

(* Becquerel - Unidade do sistema internacional de radioactividade, com o símbolo "Bq", que equivale à actividade resultante da desintegração de um núcleo radioactivo por segundo)

Por ano, para fins de consumo local e exportação, são abatidas cerca de 52 mil renas.

No primeiro ano depois de Chernobyl tiveram que ser abatidas, devido ao excesso do teor radioactivo, cerca de 73 mil renas.

No último período de abate e passadas que são 3 décadas, só 57 renas foram consideradas impróprias para consumo por razões radioactivas.

Esta diminuição é resultante de todo um programa governamental orientado para a obtenção de níveis aceitáveis de radioactividade na fauna selvagem local.

No respeitante às renas, e tendo em conta o facto de as manadas viverem em plena liberdade  com áreas de deslocação que cobrem toda a Lapónia  sueca, norueguesa, finlandesa e russa, tornou-se necessário um estudo detalhado sobre as zonas de pastagens predominantes.

Nestes locais (no caso da Lapónia sueca) são espalhadas rações preparadas para este fim, procurando-se diminuir consideravelmente as quantidades consumidas pelos animais de um tipo de musgo, conhecido localmente como "renlav", que é a alimentação base favorita dos mesmos.

Depois de Chernobyl o período anual do abate das renas foi adiantado para os princípios do Outono de modo a ser evitado que os animais comam grandes quantidades do tal musgo... rico em Becquerel!

O Estado tem vindo a compensar as populações locais que vivem da produção de carne de rena, tanto no respeitante aos animais abatidos e impróprios para consumo, como também no respeitante às rações especiais alternativas, de custo muito elevado, acompanhado pela necessidade de deslocações regulares a locais muito distantes e de acesso difícil. 



(Há que ter em conta que, nesta zona, 600 quilómetros é considerado... perto!)

O custo para o Estado, desde o desastre de Chernobyl até hoje, e unicamente no que diz respeito às renas locais, está calculado em 500 mil milhões de Coroas suecas.

PS/ Ao escrever-se - 73 mil renas abatidas no ano seguinte a Chernobyl- é sem dúvida um número muito elevado ao nível da Lapónia sueca.
Mas, e como termo comparativo das quantidades da fauna selvagem sueca, são abatidos anualmente (!) em toda a Suécia cerca de 70 mil alces.
Isto não sendo  resultado dos tais "Becquerel", mas para fins de consumo e de manutenção  destes animais em estado saudável e num número não excessivo. 

Um abraço do
José Belo


1 comentário:

Anónimo disse...

Alguns dos muitos comentários que por aqui corriam aquando do desastre de Chernobyl ( Humor lapäo).

1-A carne de rena é a mais prática quanto ao consumo.
É só esfolar o animal...já vem grelhado!

2-Ao convidar a companheira para um jantar especial näo necessita de
electricidade ou velas românticas...a fluorescência das febras é suficiente!

Um grande abraco do José Belo