Iniciamos hoje
a publicação de um conjunto de pequenas histórias curtas escritas já há alguns anos pelo
nosso camarigo Joaquim Mexia Alves, em que ele relembra pequenos episódios do
dia-a-dia do Monte Real Palace Hotel e das Termas a ele associadas, experiências
que naturalmente lhe ficaram bem presentes nas suas memórias de infância e
juventude.
O
MENINO RODRIGUINHO
Há
alguns anos, na década de 60, havia uma família (entre muitas) que todos os
anos frequentava as Termas e se alojava no Hotel.
Era
constituída pela mãe, uma filha mais velha, talvez da minha idade, e pelo
Rodriguinho (nome fictício, história verdadeira), que andaria pelos seus 10 ou
12 anos.
As
histórias do Rodriguinho são imensas, mas hoje começo por recordar a que todos os anos
tinha lugar no exacto dia e momento da chegada da família ao Hotel.
Era sempre
no mês de Agosto, por volta da hora do almoço, altura em que o terraço de
entrada do Hotel estava cheio de hóspedes à espera da entrada para o
restaurante.
A
família chegava, saía do seu carro, e o Rodriguinho no meio do terraço com um
ar sorridente e desafiante, dizia em alta voz para todos ouvirem:
- “Acabou
o sossego! Cheguei eu!”
Mas, entrando nas histórias do Rodriguinho:
Todos
os anos vinha para o Hotel, onde passava pelo menos três meses (se bem me
lembro), um distinto Senhor Doutor, oriundo dos Açores mas vivendo no
Continente, pessoa de trato fácil, muito educado, afável e bonacheirão (no
sentido positivo do termo), de quem toda a gente gostava e apreciava a
companhia.
Para
além de outras, tinha a particularidade de ter sempre no bolso do lado direito
dos seus casacos, rebuçados, o que toda a gente sabia, especialmente as
crianças que estavam no Hotel com as suas famílias.
Era hábito,
pela hora do almoço ou ao fim da tarde, sentar-se nuns cadeirões que havia em
frente da recepção, de perna traçada, observando e cumprimentado o corrupio de
gente que naqueles meses de Verão ia passando no hall do Hotel.
Ora
numa dessas tardes em que calmamente estava sentado de perna traçada, o
Rodriguinho andava a correr pelo hall do Hotel incomodando obviamente as
pessoas e fazendo pior, ou seja, sempre que passava pelo Senhor Doutor,
dava-lhe um pontapé no pé da perna traçada.
Aquilo
já estava a incomodar muita gente, mas o distinto Senhor fazia gestos no
sentido de não se incomodarem com isso.
A certa
altura em que o Rodriguinho mais uma vez ia a passar, o Senhor Doutor,
colocando “ostensivamente” a mão no bolso direito do casaco, chamou-o.
E aí
vem o Rodriguinho todo contente à espera do rebuçado.
Só que
quando chegou ao pé do Senhor Doutor, estendendo a mão para o rebuçado, levou
foi uma estalada na cara, e ouviu-o dizer:
- “E
agora vai lá fazer queixa à tua mãe!”
Joaquim Mexia Alves
2 comentários:
Gostei da historia e como esta muitos de nós tambem as temos. Só que por vezes não as sabemos desenvolver ou não temos pachorra para isso. Um abraço e continue para nos irmos relembrando dos nossos tempos passados. Só mais uma pergunta, ainda não descobri nesta pagina como por gosto.
Boa noite Camarigos
Um final inesperado mas bem "merecido"...
Estou convencido que o Rodriguinho não mais esqueceu a cena. Uma "estalada" na hora certa é um "remédio" prá vida !
Grande abraço pró Joaquim e venham mais histórias das Termas.
JERO
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