domingo, 29 de março de 2015

P630: Foi em 26 de Março

EM AVEIRO: APRESENTAÇÃO DO LIVRO
“NÓS, ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS”

Integrada nas cerimónias do dia da Unidade do RI 10, efectuou-se em Aveiro, no passado dia 26 de Março, a apresentação do livro “Nós, Enfermeiras Paraquedistas”. A sessão decorreu nas instalações do Centro de Congressos de Aveiro, cedido para o efeito pela Câmara Municipal de Aveiro.

Como tinha já sucedido na apresentação original em Novembro, no Estado Maior da Força Aérea,  a sessão contou com a presença do Professor Adriano Moreira (autor do prefácio do livro) e do TCor. Aparício, que fez uma apreciação da obra. Igualmente presentes várias enfermeiras paraquedistas co-autoras deste livro.


Na mesa, presentes ainda o Presidente da Câmara de Aveiro, Engº José Ribau Esteves, o Comandante do RI 10, Cor. José Carlos de Almeida Sobreira, a Enfermeira Rosa Serra, coordenadora do livro, e o Dr. Vitor Raquel, da “Fronteira do Caos Editores”.



Embora não estivesse exageradamente preenchida, a sala contou com a presença de alguma gente jovem e, naturalmente, de combatentes da guerra de África. Dos envolvidos nas actividades dos blogues, registámos a presença de elementos da Tabanca Grande, vários deles ligados igualmente à Tabanca do Centro – Jorge Picado (capitão miliciano em Mansoa, Mansabá e Teixeira Pinto), José Armando Ferreira de Almeida (então Furriel, contemporâneo do Luís Graça em Bambadinca), Carlos Prata (capitão em Cafal Balanta e Bissorã), Manuel Reis (alferes em Guileje), Miguel Pessoa (tenente na BA12).

Igualmente várias enfermeiras “tabanqueiras” presentes - Rosa Serra, Giselda Antunes e Aura Rico Teles– para além das enfermeiras Eugénia Espírito Santo Sousa, Natércia Pais, Ana Maria Bermudes, Octávia Santos, Natália Santos e Maria de Lurdes Costa Pereira (nomes de solteiras, pelos quais eram conhecidas na época).



Como já tinha sucedido na sessão anterior, os dois convidados fizeram apresentações de grande interesse e qualidade, que foram bastante apreciadas pelos presentes. 

E, no âmbito das comemorações do dia da Unidade, os presentes ainda puderam apreciar uma sessão de música que se seguiu a esta apresentação, proporcionada pela Banda Militar do Porto.

A próxima apresentação do livro, inicialmente prevista para 9 de Abril, devido a comemorações que irão decorrer nessa data foi passada para 16 de Abril, às 15H00, nas instalações da Messe da Batalha, no Porto.


A Tabanca do Centro

quarta-feira, 25 de março de 2015

P628: DO NOSSO ALMIRANTE...


Sempre na linha da frente, trate-se do que se tratar, a Frente de Libertação de Buarkos, alcançada que foi a paz com a integração da vizinha Figueira da Foz no seio da sua freguesia, hoje denominada por Buarkos Sul, a FRELIBU, dizia, tem-se dedicado, com enorme êxito, a um conjunto de iniciativas de índole cultural que abarcam desde a agricultura e pescas até à criação de camelos para transporte nos extensos areais de Buarkos Sul, passando pelas novas tecnologias de análise futebolística, sempre tão necessárias quando o GLORIOSO segue isolado na vanguarda, navegação e pesca submarina com comissão e sem comissão.


Enfim, uma panóplia de saberes a causar inveja aos mais doutos cibernautas, argonautas, aeronautas e outros autas da nossa praça. Assim que me lembre, ao correr da pena, vultos enormes como São Cristas, Rui Cantos, Paulo Janelas, Costa do Castelo, já peroraram no nosso areópago de Buarkos Lindo.

Desta feita o tema, logo por outros copiado, era a saúde e o orador convidado dava mote ao tema anunciado:

“O DR. KAMBUTA DOS DEMBOS E A SAÚDE NO ALÉM-MAR”

Recebido por estrondosa ovação ouvida até em Leiria, a causar inveja a alguns “copiadores”, o Dr. Kambuta sem mais demoras logo deu início à palestra:

Eu sou o Dr. Kambuta
Sou escritor e poeta
Dou injeções no braço
Na perna e no etc.

Toda a gente me admira
Desde os Dembos à Guiné
O meu lema é conhecido:
“A seringa sempre em pé”

Já salvei quinhentas vidas
De militares e civis
Do presidente do Conselho
E da nossa embaixatriz

Com todo o gosto aqui estou
Nesta terra maravilhosa
Para partilhar meu saber
Mais o da enfermeira Rosa

Recusei ir a Leiria
P'ra em Buarkos estar presente
Curo mortos e curo vivos
Só não curo alguém doente.

Obrigado meus senhores
Meu Almirante Vermelho
Eu sou um doutor de primeira
Não sou pois nenhum fedelho.

Ó homem, grita alguém do fundo da plateia, munido de megafone,

Deixe-se lá de versejar
Que já me dói a barriga
Já não posso mais esperar
Não aguento da bexiga

E eu, ó senhor doutor
Que trago o menino Rodrigo
O meu filho, o meu amor
Tem uma dor no umbigo.

E a dor que tenho num dente
Impossível de suportar
Ó Kambuta, meu confidente
Dá-me algo para me acalmar!

Dor a sério tenho eu
Se não me acodem inda morro
Grita de lá o Romeu
Brandindo a espada do Zorro.

Ao ver a espada no ar
Don António de Badajoz
Deu-lhe logo p'ra gritar:
Viva a Figueira da Foz!

Foi o bom e o bonito ao ouvir-se esta palavra há muito banida dos dicionários de Buarkus.
A multidão enfurecida lança-se sobre Don António que, sem outra solução, sobe para o palco e implora:

Aqui me acoito senhor
Valei-me, Dr. Kambuta
Até o nosso prior
Me atirou com a batuta!

Chegue-se pr'a lá, ó traidor
                                                                                        Que eu não sou nenhum guerreiro
                                                                                        Pelos Dembos espalhei amor
                                                                                        Era apenas Dr. Maqueiro…

À hora a que vos escrevo, meus Camarigos da Tabanca do Centro, as sirenes das ambulâncias atroam os ares de Buarkos e nos seus catorze hospitais não há vagas para ninguém!
Surto de gripe? Não!
Fruto de pancadaria da grossa, que as gentes da FRELIBU tratam da saúde, sem dó nem piedade, aos seus inimigos!

“E o Dr. Kambuta dos Dembos?”, adivinha-se a vossa pergunta.

O Dr. Kambuta, que também apanhou, está a tratar da saúde em Além-Mar, para as bandas de Monte Real, sob a asa protectora do Amado Chefe que lhe arranjou um lugar nas Termas.

Ainda há gente boa!

            O Correspondente de Guerra:
     “Je suis Almirante Rouge de Buarkus”








sábado, 21 de março de 2015

P626: NOVA TERTÚLIA EM LEIRIA

Lembramos o pessoal interessado em assistir a mais uma sessão das II Tertúlias "A História Somos Nós" que irá realizar-se a segunda sessão deste ano no próximo dia 27 de Março pelas 18H00. Como normalmente realizar-se-á nas instalações da Livraria Arquivo e é dedicada ao tema "Estruturas religiosas e iniciativas humanitárias".

Trata-se de uma organização da Livraria Arquivo em conjunto com o Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes e tem o apoio do Jornal de Leiria.


Estão previstas futuramente as seguintes sessões:

3ª sessão: 24ABR2015 - O sistema educativo

4ª sessão: 29MAI2015 - Missões de voluntariado

5ª sessão: 26JUN2015 - A guerra colonial na imprensa nacional e local

Localização da Livraria Arquivo: Avª dos Combatentes da Grande Guerra, nº 53, em Leiria



quinta-feira, 19 de março de 2015

P625: LIVRO "NÓS, ENFERMEIRAS PARAQUEDISTAS"

Informámos aqui anteriormente que estão previstas para já duas apresentações deste livro editado pela "Fronteira do Caos Editores", a primeira em Aveiro, a segunda no Porto.

Da primeira apresentação deixamos-vos aqui o respectivo convite. A sessão decorrerá no auditório do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, pelas 18H00 do próximo dia 26 de  Março. Uma oportunidade para o pessoal daquela região (e arredores...) estar presente.

Refira-se que esta sessão conta com a presença, para além de várias das co-autoras (enfermeiras paraquedistas), do Professor Adriano Moreira (autor do prefácio do livro) e do TCor. Aparício, que já tinha igualmente feito a apresentação da obra no Estado Maior da Força Aérea, no final de Novembro do ano passado.


Quanto à segunda apresentação, prevista para a Messe de Oficiais da Batalha, no Porto, aguardamos ainda a confirmação da data inicialmente programada, 9 de Abril. Aqui daremos informação logo que possível.

A Tabanca do Centro

segunda-feira, 16 de março de 2015

P624: DO "CORREIO DA MANHÃ" DE DOMINGO

Com a devida vénia a este periódico, reproduzimos as duas páginas publicadas na Revista de Domingo do "Correio da Manhã", com o testemunho do nosso camarigo Carlos Santos sobre a sua comissão na Guiné, no período de 1972 a 1974.



sexta-feira, 13 de março de 2015

P623: JERO – CRÓNICAS DOS TRIBUNAIS / 5

O PORTUGUÊS É UMA LÍNGUA
MUITO TRAIÇOEIRA...
Voltamos ao Litoral Oeste e a uma história que não se passou no meu tempo de funcionário dos tribunais, mas de que tenho fontes credíveis em relação à veracidade dos factos que irei a seguir relatar.

Na década de 70 a Nazaré ainda pertencia à comarca de Alcobaça. Aliás, a Nazaré só na década de 90 passou a comarca e a ter o seu Tribunal.

Foi portanto no Tribunal de Alcobaça que teve lugar o julgamento de um caso de namorados desavindos. Filhos de famílias conhecidas “obrigaram” muitos conter-râneos a viajar até Alcobaça, tornando pequena a velha sala de audiências do tribunal no 1.º piso da ala norte do Mosteiro de Alcobaça. Depois de ouvidos queixosa e réu chegou a vez das testemnhas.

- “A senhora jura por Deus ou por sua honra dizer a verdade e só a verdade?”

A esta pergunta do Dr. Juíz a testemunha - nazarena retinta no vestir e na maneira de se expressar – fez uma pequena pausa e respondeu:-
- “Pela minha honra, Sr. Doutor Juíz? Onde já vai a minha honra... Juro por Deus.”

A resposta foi feita com a saborosa e típica pronúncia nazarena, que não é possível aqui reproduzir...

No processo-crime em julgamento a ofendida acusava o réu de a ter forçado a perder a sua virgindade durante um namoro de muitos anos. E agora o rapaz não queria assumir as suas responsabilidades. Casamento nem pensar! Não queria mais nada com a sua antiga namorada. Ponto final.

A testemunha - que tinha jurado por Deus - disse em tribunal que toda a gente da Nazaré sabia do namoro dos dois jovens, que andavam abraçados e aos beijos por todo o lado.

- Mas isso já foi dito, senhora testemunha - interrompeu o Juíz. Não sabe de mais nada relevante para os autos ?

- “Uma vez vi o casal de namorados entrar num canavial lá para os lados do Rio Alcôa”, referiu a testemunha.

- “Está bem - mas viu o que fizeram no tal canavial?”, questinou o juíz.

- “Vi-os entrar e depois deitaram-se no chão”, acrescentou a testemunha.

- “Mas isso tem interesse”, disse o juíz. “E viu o que fizeram enquanto estavam deitados. Viu-os, por acaso, a copular?”

Aqui a testemunha arregalou os olhos e pediu para o juíz repetir a pergunta pois não estava a perceber.

O juíz repetiu: - “Viu os dois, deitados no chão, a copular?”

- “Isso não sei, sr. Doutor Juíz. Vi que os dois estavam no chão mas só o cu do rapaz é que pulava!”

Foi a vez do juíz quase perder a fala e fazer um esforço sério para não se rir.

Dispensada a testemunha o julgamento continuou, sendo certo que a cena do canavial teve importância na decisão final.

O réu foi condenado e já não me recordo se veio a casar ou não. Só a apresentação da certidão de casamento evitava então a passagem pela cadeia, ficando suspensa a pena de prisão por dois anos.

À distância do tempo posso garantir que esta história do "copular" ou do “cu a pular” ainda hoje é recordada em muitos tribunais da região, competindo seriamente com aquela história do Juiz que referiu o “pénis” e que a testemunha confundiu com o “Peres”.
O português é, de facto, uma língua muito traiçoeira!

JERO

quarta-feira, 11 de março de 2015

P622: ABRIRAM AS INSCRIÇÕES PARA O ENCONTRO DE 27 DE MARÇO

Meus camarigos

Estão abertas as inscrições para o nosso próximo convívio, o 44º, agendado para o próximo dia 27 de Março. Mantém-se a ementa tradicional, o cozido à portuguesa, bem como o preço da refeição, 10 € por cada inscrito.

Queremos no entanto chamar a vossa atenção para o facto de as confusões com inscrições terem sido muitas ultimamente, obrigando a esforços redobrados por parte dos organizadores e a telefonemas constantes com a Pensão Montanha, para alterar o número de inscritos.

Por causa disso, e para obviar a que tais factos se vão repetindo, decidimos, aqui na Tabanca do Centro, que quanto a inscrições para os nossos encontros, apenas há dois meios para o fazer:

Na caixa de comentários do nosso blogue, ou no nosso endereço e-mail, tabanca.centro@gmail.com

Outra decisão tomada, é a de que não serão aceites inscrições fora do prazo indicado para tal.

Por favor, não telefonem a fazer inscrições, etc., porque a partir de agora não serão aceites.

Pedimos ainda, quando inscreverem, ou se inscreverem, camarigos que nunca estiveram na Tabanca do Centro, que nos indiquem sempre os nomes dos mesmos, bem como o e-mail deles.

Lembrem-se que tudo isto dá muito trabalho, e que nem sempre temos tempo para corrigir falhas e problemas.

Um abraço camarigo a todos
Joaquim Mexia Alves



segunda-feira, 9 de março de 2015

P621: II TERTÚLIAS "A HISTÓRIA SOMOS NÓS"

EM LEIRIA: SESSÃO SOBRE O
SERVIÇO DE SAÚDE NO ULTRAMAR

No passado dia 27 de Fevereiro iniciaram-se as sessões organizadas pela Livraria Arquivo e pelo Núcleo de Leiria da Liga de Combatentes, integradas nas II tertúlias "A História Somos Nós", a decorrer ao longo do presente ano. Estas sessões contam ainda com o apoio do "Jornal de Leiria". Para conhecerem o programa previsto para 2015, vejam aqui.

Esta primeira sessão era dedicada ao tema "O serviço de saúde no ultramar" e para ela foram convidados os Dr. José Lourenço, Dr. Américo Órfão, e os nossos camarigos José Eduardo Oliveira (JERO) e Giselda Pessoa. Presidia à mesa o TCor. Mário Ley Garcia, presidente do Núcleo de Leiria da Liga de Combatentes e nosso camarigo da Tabanca do Centro.

Com assistência ainda reduzida na hora de início da sessão, a sala acabou por compor-se razoavelmente, um pouco por obra do pessoal da Tabanca do Centro que ali se deslocou. 

Correndo o risco de falhar algum, lembramos que, para além dos três já mencionados, presentes na mesa, se deslocaram à Livraria Arquivo o régulo da Tabanca do Centro, Joaquim Mexia Alves, Agostinho Gaspar, Vitor Caseiro, António Nobre, Carlos Santos, Paulo Moreno e este vosso escriba, Miguel Pessoa.

Com a devida vénia à autora, Maria Anabela Silva, e ao Jornal de Leiria, transcrevemos o texto que sobre este evento foi publicado naquele periódico no passado dia 5 de Março:

Tertúlia debateu sistema de saúde durante a guerra colonial
Tentar salvar os outros e evitar levar um tiro

“O chefe da tabanca tinha um tiro no peito. Cada vez que respirava, parecia ver-lhe o pulmão. Estava moribundo. Sentei-o encostado a uma árvore e dei-lhe uma injecção de morfina. Nunca mais esquecerei o seu olhar. Não vi o ódio na sua expressão. Vi a resignação e um cansaço imenso. Pareceu-me preparado para morrer com dignidade. Afinal, era o chefe. O último olhar que trocámos ficou-me gravado na alma”. In Golpes de Mão's, de José Eduardo Reis de Oliveira

Foi com o excerto do seu livro Golpes de Mão's que José Eduardo Oliveira, conhecido em Alcobaça como JERO, terminou a sua intervenção na última tertúlia do ciclo A história somos nós – da Guerra Colonial à Manutenção da Paz, realizada na passada sexta--feira, e que desta vez debateu o sistema de saúde durante o conflito no Ultramar.



À mesa, estiveram os médicos José Esperança Lourenço e Américo Órfão, o enfermeiro de guerra José Oliveira e Giselda Pessoa (enfermeira pára-quedista), que recordaram as suas experiências nos vários teatros do guerra, muitas vezes preocupados em tentar salvar vidas e, ao mesmo tempo, em não serem atingidos. Umas vezes com sucesso. Outras, pelo contrário, com finais tristes, como aquele episódio recordado por José Oliveira, vivido no dia em que o seu batalhão atacou uma aldeia na Guiné. “Depois de uma troca de tiros, ficámos com 70 prisioneiros. Havia feridos. Vi-me, um miúdo de 24 anos, a ter de me armar em Deus, a decidir quais os que ficavam e os que vinham connosco. Entre os feridos, estava o chefe da tabanca, que vinha muito ferido”, recordou o antigo enfermeiro de guerra, que também não esquece a epidemia de sarampo, que vitimou 60 crianças.

Muito menos dramática foi a situação com que se debateu José Esperança Lourenço quando chegou a Marrupa, Moçambique, onde desempenhou funções de delegado de saúde e de médico no hospital militar. “Havia uma quantidade elevada de militares com doenças venéreas. Falei com o administrador para podermos tratar também as mulheres. Pensei que iria encontrar meia dúzia. Afinal, era uma fila interminável, mas consegui acabar com as venereologia”, conta o médico estomatologista, frisando que esta era uma problemática frequente entre os militares.

José Oliveira nota que, quando os havia, os preservativos eram de “muito má qualidade”, pelo que os contágios eram frequentes. E, sempre que isso acontecia, os médicos tinham a “obrigação” de participar a situação e os soldados “apanhavam dez dias de prisão”. E, como era fazer medicina num tempo e em territórios em que escasseavam recursos, em que quase não havia antibióticos - com excepção da penicilina, descoberta poucos anos antes - nem meios auxiliares de diagnósticos?

“Dava-se o máximo, com o pouco que se tinha, para ajudar feridos e doentes, fossem eles soldados ou civis”, diz Américo Órfão, para quem comparar a medicina dessa época com a actual “é comparar uma bicicleta com um Chevrolet”. “Hoje, quando se receita um medicamento temos uma grande certeza de que vai fazer algum efeito. Naquele tempo, as opções de tratamento era muito poucas”, alega o médico de Leiria.

Além da escassez de recursos, havia ainda a dificuldade acrescida quando o socorro era prestado durante os ataques e se tinha de “tentar salvar os outros” e, ao mesmo tempo, procurar “não levar um tiro”, nota José Oliveira.

Foi num cenário desses que viveu um outro episódio marcante durante a sua missão na Guiné. “Era madrugada e estávamos no mato. O nosso guia, um guineense, levou um tiro no peito e chamaram-me. Pela primeira vez, percebi que não podia fazer nada. Fiquei encharcado em sangue, com as balas a passarem-me por cima”, conta.

Numa nota menos dramática, José Oliveira recorda as dores de barriga que, habitualmente, assolavam as tropas em dias de combate. Uma maleita que tratava com “aspirina número 8”, nas suas diversas variantes - “aspirina para o medo dos oficiais, aspirina para o medo dos sargentos e aspirina para o medo dos soldados” -, que funcionava como placebo.

Apoio às populações A par do auxílio aos soldados, os serviços médicos e de enfermagem das tropas portuguesas tiveram também um papel preponderante no apoio às populações locais, como testemunharam vários dos intervenientes na tertúlia, organizada pelo Núcleo de Leiria da Liga dos Combatentes, em parceria com a Livraria Arquivo e com o apoio do JORNAL DE LEIRIA.

Joaquim Mexia Alves, que esteve na Guiné, considera que a população local “beneficiou muito” com os serviços de saúde portugueses. “Um elemento da população que tivesse uma doença ou ficasse ferido em cerca de duas horas era evacuado para Bissau”, referiu aquele antigo combatente.

Giselda Pessoa, que foi enfermeira pára-quedista, nota que até as populações de outros países que viviam nas fronteiras com as antigas colónias recebiam apoio. “Chegámos a evacuar pessoas do Senegal para Bissau. Mulheres grávidas, por exemplo”, conta a antiga enfermeira, que recorda a sensação de alívio com que ela e as colegas eram recebidas durante as evacuações de soldados feridos. “Sentiam-se seguros quando nos viam. Alguns deles mantinham-se conscientes até à nossa chegada, pensando que, se chegássemos, estariam safos”.

Testemunho: “Casei com a enfermeira”

Piloto da Força Aérea, o coronel Miguel Pessoa participou em muitas evacuações de feridos. Mas, houve um dia que viveu na pele a experiência de ser ele o evacuado, quando o avião em que seguia foi abatido por um míssil. A aeronave caiu no mato, mas o piloto (o então tenente Miguel Pessoa) seria resgatado pelas forças portuguesas, sendo transportado de helicóptero até Bissau, onde recebeu assistência no hospital militar. 

“O método foi expedito. Correu tudo bem. Tão bem que casei com a enfermeira que fez a evacuação”, recordou Miguel Pessoa durante a tertúlia realizada na Livraria Arquivo sobre o sistema de saúde durante a guerra colonial. Num dos dois helicópteros onde fez a viagem até Bissau seguia Giselda Pessoa, enfermeira pára-quedista, com quem viria a casar (na foto, durante o resgate a Miguel Pessoa).


Conclusões da Tertúlia do dia 27FEV15, apresentadas pelo moderador da sessão,
TCor. Ley Garcia

A Tertúlia do dia 27FEV15 foi dedicada ao apoio de saúde durante a Guerra do Ultramar, nomeadamente, o acesso aos cuidados de saúde dos colonos e das populações nativas.
Foram debatidas questões como:

·    Se a formação dos médicos em Portugal era adequada para desempenhar a função de médico no Ultramar;
·       Se a informação dos militares acerca das doenças venéreas era adequada para os problemas que eles iam lá encontrar;
·        Se havia boas estruturas de apoio à saúde;
·        Se havia muita diferença de meios de apoio à saúde de região para região;
·       Se os serviços de saúde apenas apoiavam os militares ou também os civis brancos e negros;
·      Que meios é que os Enfermeiros tinham ao seu dispor para dar apoio directo aos feridos nos locais onde os ia buscar ou apoiar;
·     Qual a autonomia que os Enfermeiros tinham no que respeita à decisão de colocar o evacuado do modo mais rápido no hospital, tendo em conta a gravidade do seu estado;
·        Como teria sido o apoio médico se já tivessem os meios de diagnóstico atuais.

No final foi possível concluir que:

·     Era necessário os médicos terem formação complementar por causa das doenças tropicais e das condições que iriam lá encontrar;
·    Apesar de alguma informação dadas aos militares, a maior parte deles não se sabia precaver de forma adequada para evitar as doenças venéreas;
·      Era complicado combater as doenças venéreas por haver “profissionais” que chegavam a deslocar-se de avião para onde os militares estavam colocados, facilitando a transmissão da doença. Mas foi possível combatê-la em várias regiões graças a um maior controlo conjunto destas “actividades”;
·        Era comum os feridos resultantes de minas fracturarem os maxilares;
·      Os médicos ganharam muita experiência com doentes e feridos traumatizados, o que foi muito útil para melhorar a medicina no Continente;
·   O apoio à saúde chegava a ser mais rápido e eficiente no Ultramar do que no Continente, mas variava de região para região, sendo claramente melhores numas regiões do que outras; Em muitos locais existiam médicos e enfermeiros suficientes;
·       O apoio de saúde era prestado também às populações nativas. Muitas vezes este apoio ajudava na “conquista” das populações;
·     Era comum os enfermeiros estarem a dar os primeiros cuidados de saúde a feridos e, ao mesmo tempo, terem de ter cuidado para não serem feridos;
·    Os enfermeiros tinham bastante autonomia e capacidade de decisão quanto ao tratamento e às evacuações a efectuar;
·     Por norma existia um bom relacionamento entre médicos e enfermeiros, complementando-se no seu trabalho;
Na altura da Guerra do Ultramar só existia disponível a Penicilina para utilizar como antibiótico e os diagnósticos tinham de ser feitos muito à base da observação, inquérito e apalpação dos doentes. Actualmente existem muito mais antibióticos que poderiam ter curado rapidamente muitas das doenças que os militares sofreram no Ultramar, sendo que os meios de diagnóstico actualmente existentes permitiriam aos médicos uma actuação muito mais eficaz por conseguirem identificar a doença ou as fracturas com precisão. No entanto, em zonas de combate tais meios nem sempre seriam possíveis de utilizar pelo que os conhecimentos e a experiência dos médicos e enfermeiros foram determinantes para curar os doentes e feridos da melhor maneira possível.

Agradecemos ao Jornal de Leiria, Maria Anabela Silva e Mário Ley Garcia, fundamentais para a preparação deste poste.

sábado, 7 de março de 2015

P620: UMA ACHEGA DO MANUEL KAMBUTA...

CLARO QUE FUI AO CONVÍVIO DA
TABANCA DO CENTRO

Ó raio de mil diabus, ó Maneli, afinali valeu a pena andaris com tanta priocupação com diatas e tudo hêm???? na é isso qui os retratus mostram, tu francamenti saiste cá um prenda qui só visto, ó rapaz ó mê sacana bê lá si ganhas juízu e tino, tá bem?.

Carédo carédo nha mãizita, o queu tou a óbiri, tirem-me daqui porra, atão afinali sirá qui cá este rapazitu si purtou mal no cumbíbio da TABANCA DO CENTRO da NHA BILA DI MUNTARIALI? É pá na mi digam, parece-me qui mi purtei num cachopo purreirinhu, raio mas qui mau feitiu desta genti dos infernus, na podem ber nadita di nada do queste filhu da nha mãizita diz e faz, porra pra isto, bem, prá próxima bez façu pióri, bão beri, ai bão bão, na queru saberi do qui as ôtras pissouas pensam ó dizem, bou purtar-me muntu bem, até queru ber se deboru a trabessa do cuzido tudinha, ai bou bou.

Ai, mas hoije foi im cheio, saí da Tabanca tã sastefeito, plu cumbíbio currer tã bem, foi mesmo purreiro podem acriditari, guestei mesmu pá, é qui toda aquela rapaziada, sim aqueles cachopos todus, purtaram-se tã bem pá, e quemeram a sepita tudinha, «COZIDO À PORTUGUESA» .

Foi dia de convívio da TABANCA DO CENTRO, aqui na minha Linda e acolhedora Vila de Monte Real, como sempre, foi um convívio em família, muito concorrido, muito alegre e divertido, é para se repetir, vale a pena participar, gostei como sempre, abraços para todos os TABANQUEIROS/AS, só uma pergunta, falta muito para o próximo convívio?

Pessoal amigo, uma boa noite para todos/as, um forte abraço cá do bom amigo Manel Kambuta».