domingo, 5 de outubro de 2014

P550: LEMBRANDO UMA VISITA GUIADA...



A CAMA DO AUGUST STRINDBERG

August Strindberg, 1849-1912.
Dramaturgo, pintor, considerado o escritor de maior significado cultural na literatura Sueca. 

O andar no centro de Estocolmo em que viveu de 1908 a 1912, ano da sua morte, é hoje um museu famoso, mantendo-se precisamente como estava na altura da sua morte. 

No Verão de 1974 fui procurado por um grupo de intelectuais e jornalistas suecos que desejavam trocar impressões com Otelo.
Entre eles uma simpática e bonita jovem que se apresentou como sendo a Directora do Museu Strindberg de Estocolmo.
Confesso ter ficado surpreendido com uma directora de museu que não era nem velhinha, nem tinha óculos na ponta do nariz.
Tudo acabou em boa jantarada, na companhia do  "Fidel de Castro da Europa”, num restaurante ao Príncipe Real cujo proprietário era um Oficial do Exército Brasileiro, refugiado político entre os cravos lusitanos.
Eu e a senhora Directora ficámos bons amigos e lá partimos para duas semanas de Albufeira by night (com muita night e pouca praia!).

No início dos anos oitenta reencontro inesperadamente a Senhora Directora em Estocolmo.
A curiosidade dela quanto à evolução da situação em Portugal e quanto a notícias sobre amigos comuns era grande.

Decidimos cear num restaurante próximo do museu.
Infindável conversa sobre Portugal pontuada com os inevitáveis SKÅL a vodka.

Pergunta-me se já tinha visitado o apartamento do Strindberg.
Perante a minha negativa foi decidido voltar ao museu, buscar a chave e efectuar a visita.

Entrar de madrugada num apartamento decorado e iluminado precisamente como o faziam em 1900 tinha algo de fantasmagórico.
Um tic-tac de enorme relógio de sala ecoava.
Depois dos skål anteriores os longos cortinados de veludo vermelho escuro e a luz difusa convidavam ao sono

A pequena cama do quarto do escritor parecia cada vez mais convidativa tendo em conta o frio que se fazia sentir lá fora.
Não recordo quem decidiu... Acabámos deitados sobre a cama do escritor SAGRADO da literatura sueca!

Grupos de crianças das escolas de Estocolmo costumam visitar o Museu pela manhã.

Como "A sorte protege os audazes" amanheceu uma Segunda Feira... dia em que, por aqui,  os museus estão encerrados!

PS/ Meus Caros Amigos, não levo a mal que lhes custe acreditar, mesmo para os que não fazem ideia do profundo respeito com que os suecos olham para Strindberg e a sua obra. 

Em termos comparativos, um somatório de Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco e Antero de Quental!

Um grande abraço do
José Belo

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