sexta-feira, 8 de novembro de 2013

P398: HISTÓRIAS DO "30"



Reencontro com o “30”
no dia 20 do mês 10

Aconteceu no passado dia 20 de Outubro em Santo Tirso.

No seguimento de um esquema há muito “desenhado” pelo “velho” Alferes Belmiro Tavares da C.Caç. 675, os antigos militares de Binta vão-se encontrando de vez em quando.

Obrigatoriamente um vez por ano no primeiro ou segundo domingo de Maio. Sem data marcada, e um tanto ou quanto casualmente, noutros locais do País, porque o tempo passa a correr e um encontro anual começa a saber a pouco…

No dia 20 do corrente mês de Outubro estivemos em Santo Tirso para mais um convívio de ex-militares. Conversa animada e muitas recordações dos bons e maus momentos do passado.

Regressámos da Guiné a bordo navio “Uíge” e chegámos a Lisboa em 3 de Maio de 1966.

Estão passados mais de 47 anos e reencontrei pela primeira vez desde a data do regresso o “30”, alcunha com que passou à história o então soldado Mário Alberto Monteiro Pinto, que nasceu em 15 de Julho de 1941 em Couto, freguesia de Santo Cristina, bem perto de Santo Tirso.

Mário Pinto, soldado-atirador com o nº. 2330/63, foi uma figura muito popular na Companhia não só por ser um excelente especialista do morteiro 60, que manuseava com destreza e mestria, mas principalmente pelo seu invulgar sentido de humor, com que animava as hostes…

Algumas das suas “partidas” – que aconteceram durante a noite, como não podia deixar de ser - ficaram registadas no “Diário” da Companhia como a “história do mangueiro”, “a caça aos gambuzinos” e a duma armadilha para caçar uma hiena.

A primeira das histórias acabava com um balde água em cima do candidato a um encontro íntimo com uma nativa debaixo de um mangueiro, a dos gambuzinos (“mais velha do que a Sé de Braga”) mas que ainda fez com que alguns menos avisados caíssem numa vala muito mal cheirosa e a da hiena é requintada e vale a pena contar alguns pormenores.

O”Alcântara”, alfacinha com a mania de espertalhão, foi convencido a cavar um buraco com mais de um metro de profundidade para montar uma armadinha a uma hiena que nunca apareceu e se deve ter ficado rir algures na selva africana.

Esta história deu a volta ao quartel e o “Alcântara” não ficou muito bem na fotografia e terá perdido alguma da sua cotação de lisboeta vivido e “prá-frentex”.

Até que um dia, ou melhor uma noite, calhou a vez ao “30” de ser alvo de uma “partida”, com sentido de humor de  gosto muito duvidoso…

Quando se deitou na cama (com mosquiteiro) na sua caserna mal iluminada sentiu algo de estranho nas costas e  encontrou debaixo da manta uma jiboia morta. Não se livrou de um valente susto e do nojo de ter ficado com as suas costas cheias de sangue mas… momentos depois estava sereno.

Pegou no réptil, que teria uns 4 metros de comprimento, e arrastou-o para fora da caserna. Nunca soube quem foi o autor da partida mas ainda hoje aposta no ”Alcântara”. Sem rancores de qualquer espécie. E com um sorriso...   

O Mário Pinto, mais conhecido pelo “30”, não sabia então como todos nós, que Binta iria fazer parte das nossas vidas «até ao fim do mundo»!


                            Até à próxima.
                                    JERO

2 comentários:

joaquim disse...

Jero, um contador de histórias!

E que bem as conta!

Um grande abraço
Joaquim Mexia Alves

Anónimo disse...

Amigo Jero, é sempre salutar reviver também os momentos de brincadeiras que se passaram entre vós,num período difícil das vossas vidas. Assim à distância de vários anos, a estória contada aos amigos e por um bom contador como é o caso, ainda se torna mais engraçada. Eu que tenho um receio de cobras, teria tido por certo um ataque de coração. Um abraço. Mª Arminda