sexta-feira, 15 de novembro de 2013

P401: À NOSSA MEDIDA...



SEXALESCENTES
Se estivermos atentos, podemos notar que está surgindo uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade, os sexalescentes - é a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta, teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes, que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante décadas, ao conceito de trabalho. Que procuraram e encontraram há muito a actividade de que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia sem medo do ócio ou solidão. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro de sua janela...

Neste universo de pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado. Traz décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado ocupar.

Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.


Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta/setenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos - mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências. 




De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão não se conformam e procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos.Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota, e parte para outra...

Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um terno Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de uma modelo.Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um sorriso iluminado pela experiência.



Hoje, as pessoas na década dos sessenta/setenta, como tem sido seu costume ao longo da sua vida, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física e mental, recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.

Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si próprios...Talvez por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60/70 no século XXI!
Mirian Goldenberg     

Este texto foi-nos enviado pela Net, sendo apenas referido o nome da sua autora. Aproveitámos para respingar na Net alguma informação sobre esta escritora. Aqui fica o que encontrámos.      MP

Da Wikipédia - com a devida vénia - retiramos que Mirian Goldenberg é uma antropóloga brasileira, Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacionak da Universidade Federal do Rio de Janeiro. É Professora do Departamento de Antropologia Cultural e do Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia do IFCS/UFRJ. É também colunista da "Folha de S.Paulo" desde 2010.


Podem consultar a página oficial desta antropóloga através desta ligação:
http://www.miriangoldenberg.com.br/

1 comentário:

Anónimo disse...

É assim que eu quero aproveitar ainda, a genica da minha idade, mas às vezes há forças que me contrariam!.. Vou tentar subsistir e continuar a marcha, uma vez mais acelerada, outras menos, mas continuar!..